A alimentação faz parte da base da pirâmide, é necessidade fisiológica do ser humano. No entanto, com o acesso facilitado a produtos industrializados, os alimentos ricos em fibras e nutrientes acabam sendo deixados de lado e, ao receber o diagnóstico de câncer, a rotina alimentar do paciente passa por mudanças e os alimentos saudáveis devem ser reintroduzidos no dia a dia.
Neste Dia da Saúde e Nutrição, a equipe de nutricionistas do Hospital do Câncer Uopeccan, faz um alerta: alimentação e saúde andam lado a lado. “Uma boa alimentação é fundamental para recuperação e manutenção do estado nutricional. Quando conseguimos manter uma oferta nutricional adequada, conseguimos promover uma melhor qualidade de vida, menos impacto dos efeitos colaterais do tratamento e um bom desempenho durante o período. Quando em situações de cirurgia, conseguimos através de um preparo nutricional e imunológico, garantir menos estresse nutricional e melhor desfecho no pós-operatório”, explica a nutricionista da Uopeccan de Cascavel, Bruna Carolina de Lima.
Ao chegar ao consultório pela primeira vez, existem muitas dúvidas relacionadas aos ‘alimentos milagrosos’ que prometem a cura do câncer, se ‘o açúcar alimenta o câncer’, entre outras e o que deve ser mantido ou não na alimentação. Porém, cada caso é particular, considerando características da doença, do tratamento e das necessidades nutricionais do paciente. “A orientação nutricional depende muito do tipo de tumor, por exemplo, tumores do trato gastrointestinal têm uma relação muito mais estreita com a alimentação do que pacientes com um tumor de pulmão. Nós nunca pedimos para o paciente excluir hábitos, pedimos o uso com moderação do açúcar, da carne vermelha”, detalha a nutricionista da Uopeccan de Umuarama, Franciele Stefanoni. Em casos em que é necessária a redução de peso, como câncer de mama, a conduta é diferente.
Já a orientação que não muda é a importância de introduzir frutas e vegetais na alimentação. “A maioria dos nossos pacientes desconhecem a importância de uma boa alimentação. Quando o paciente chega no internamento, a gente quer que saia e vá para casa, mas infelizmente nem todos têm esse desfecho. A gente tenta incluir a alimentação como parte integrante do tratamento contra o câncer, porque não adianta medicar com o melhor quimioterápico, dar a melhor cobertura para uma ferida, não adianta fazer o melhor antibiótico, se o paciente não tiver apto para receber uma boa nutrição, ele não vai sarar. É importante que a gente mantenha essa consciência para que o tratamento evolua de forma satisfatória, a nutrição também tem um papel primordial nesse processo”, salienta Franciele.
Pacientes em acompanhamento, devem passar por ao menos 3 consultas nutricionais, para verificar se a dieta prescrita está gerando os resultados esperados. “No ambulatório fazemos orientação, entregamos o modelo de cardápio e suplemento, caso o paciente não consiga se alimentar, também fazemos avaliação física e acompanhamento conforme o paciente vir, porque a maioria é de cidades de fora, para saber se a terapia nutricional está sendo eficiente. Se necessário, ajustamos conforme a rotina”, finaliza a nutricionista da Uopeccan de Umuarama, Ana Maria de Veiga.
Uso de sonda não significa que é o fim!
Conforme explicam as nutricionistas, o uso da sonda para alimentação precisa ser desmistificado, pois não significa o fim. “Os pacientes e principalmente seus familiares têm uma ideia muito errônea do que é a passagem de sonda. Ela é uma terapia que, se muito bem indicada e acompanhada, salva vidas, tira o paciente da desnutrição”, afirma Franciele.
De acordo com a nutricionista Bruna de Lima, essa modalidade de nutrição é necessária “quando o paciente tem trato gastrointestinal funcionante, mas com impossibilidade ou insuficiência de alimentação por VO (distúrbio de deglutição, redução do nível de consciência, anorexia), em pacientes com pouca aceitação alimentar via oral e aqueles que não conseguem atingir as metas nutricionais”.